sexta-feira, setembro 02, 2011
Taiany Moraes
Ele está de volta, após sete anos de ausência. Continua o mesmo e muitos dos problemas do cidadão mato-grossense, especialmente, o da capital, também. Mas, agora, o público - daqui e de outros lugares - pode contar de novo com um aliado de peso para denunciar as mazelas do dia a dia e questionar o poder público, sempre com bom humor: o Superperu.
Criado em 1984 pelo chargista paulista Frederico Nogueira, o Fred, o Superperu teve uma vida gloriosa nas páginas deste Diário. “O personagem virou uma espécie de identidade do jornal Diário de Cuiabá”, diz Fred, com orgulho. Esta semana, o Superperu voltou turbinado através do site www.osuperperu.com, onde é possível matar as saudades de antigas charges (mais de 3.500 publicadas) e se deliciar com uma charge nova a cada dia. E tem mais: aos 48 anos, Fred não descarta a possibilidade de retornar às páginas do Diário de Cuiabá.
“Com a nova fase do Diário, que está se modernizando, há chances do Superperu voltar”, conta o chargista, que tem uma longa história com o jornal - o mais antigo de Cuiabá em circulação. Fred é autodidata e sempre gostou de desenhar, participava de concursos de desenho na escola e, para se exercitar, estava sempre copiando os traços das melhores revistas de humor norte-americanas. Com o tempo, descobriu a tinta nanquim e viu que era isso queria para sua vida profissional.
O NASCIMENTO
DO SUPERPERU
No início dos anos 80, Fred trocou São Paulo por Mato Grosso e, em 1983, já trabalhava como chargista e arte finalista no Diário de Cuiabá. Um dia, recorda, o jornalista Antônio de Souza escreveu uma nota para a coluna Cuiabá Urgente comentando as reclamações do público do Cine Bandeirantes quanto à má qualidade do som na exibição de “Superman”. “Irônico, ele disse que o áudio estaria melhor no próximo lançamento: o do filme`Superperu”, lembra Fred.
O chargista resolveu então dar uma cara para esse personagem, que só viveria por uma edição, porém o sucesso foi tão grande que o Superperu ganhou espaço fixo no jornal até 1999, quando Fred se mudou pela primeira vez para o Japão, em companhia de sua mulher na época, descendente de japoneses.
O Superperu representava em tiras e quadrinhos o cidadão comum às voltas com os problemas da capital mato-grossense. “Ele botava literalmente o bico em tudo”, afirma Fred, que garante nunca ter sofrido qualquer tipo de censura por parte da direção do Diário.
Aos poucos, o Superperu foi evoluindo, interagindo com políticos, como os ex-governadores Júlio Campos e Dante de Oliveira. Tornou-se “íntimo” dos políticos da cidade. De 2001 a 2004, Fred morou em Cuiabá e o personagem voltou à cena, porém sumiu de vez com a decisão de seu criador de retornar ao Japão. Hoje, Fred é chargista do site www.midianews.com.br, mas o Superperu permaneceu ausente da mídia até o retorno triunfal na última quarta-feira, quando o site foi lançado no Sesc Arsenal.
“O público sempre pediu sua volta”, diz Fred, que está preparando um livro com os melhores momentos do personagem genuinamente cuiabano. Enquanto o livro não vem e o Superperu não volta ao jornalismo diário, os antigos fãs do personagem podem rever algumas charges e a geração mais jovem e mais habituada às maravilhas da internet pode conhecer as artes do Superperu e de seu criador no site, através de velhas e novas tiras. Todos vão constatar que, infelizmente, as mazelas que afligem o cidadão comum não mudaram muito em quase três décadas.
“Vejo os desenhos antigos e comparo com os atuais e percebo que a situação continua a mesma. Isso é muito triste”, reconhece Fred. Na mira do Superperu, estão problemas como as queimadas, a privatização dos serviços públicos (como o fornecimento de água), a precariedade dos transportes coletivos e as deficiências na área de saúde, principalmente no Pronto Socorro. Novas questões também estão na pauta do superherói, como a polêmica em torno do novo modal de transporte para a Cuiabá do século XXI, que se prepara para receber jogos da Copa do Mundo de 2014.
Ainda bem que o Superperu está aí para mostrar a realidade, criticar e cobrar as autoridades, encabeçar campanhas e se posicionar em favor de mais cidadania, sempre usando o humor como arma. Afinal, ninguém é de ferro e o cuiabano sempre foi famoso por seu bom humor.
Fonte: Diário de Cuiabá
Categoria: Humor
